ANA TORRES
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Portfólio 2022
Ana Torres (1991, Brasil) é artista visual e escritora paulistana. Bacharel em Ciências Sociais e bailarina de formação, sua pesquisa envolve intimidade e melancolia no universo feminino. Por meio de performances, no digital ou ao vivo, Ana discute a economização da expressão artística e a financeirização do cotidiano, explorando os afetos.
Ana é a criadora e diretora de Meus Fluídos, a farmácia do absurdo. Um e-commerce de lágrimas em resposta a uma performance realizada em 2019 onde a artista chora em plataformas de streaming. Percebendo que escreve obsessivamente cartas para queridos ausentes, Ana publica cartas de amor ridículas no mesmo território digital - Meus Fluidos - com o objetivo de trazer drama e devaneios para suas tentativas de comunicação.
Atualmente Ana vive em Portugal, esteve em residência no Hangar em Lisboa (PT), onde aprofundou sua produção no âmbito da performance e intimidade. Ana participou da exposição See you, tomorrow na Galeria Atopos, em Veneza (IT) e foi selecionada na CompactaMAG do Museu de Arte Contemporânea de Goiânia (BR).


A ideia de escrever muitas cartas me entristece
Cartas de amor são ridículas foi apresentado no formato que nasceu; na horizontal, navegando na solidão e sofrimento testemunhados por um colchão.
A escrita reflete um estado de espírito e mental, que circunscreve o processo em relação ao tempo, espera e repetição.
São longas narrativas e eternas linhas que se cruzam e dispersam num movimento barroco sem fim. O sono, sonho, vigília e desejo são apresentados num ato de abertura, de fala.
Cartas de amor são ridículas, 2021
Performace


A senile woman who is crowded with a host of lice that have eaten up a variety of time, an infant who is troubled by a hernia and looks like a tiny bag of dung.
Inspired by Hijikata’s play Ailing Dancer, Cut by a catfish, 2019, is a pair of analogue self-portraits made during an isolation time a year before pandemic lockdown.
The images, as Hijikata’s Ailing Dancer is closely associated with the weakened or emaciated body.
The both images are printed in hahnemulhe paper. The first print is one photography and the second is the result of films overlapped.
Cut by a catfish, 2019 - 2021
10cm x 15cm.



Confissões é uma performance onde segredos e fofocas são escritos em guardanapos de papel e acompanham as bebidas vendidas no bar montado pela artista em eventos de arte.
Os escritos são excertos de Cartas de Amor são Ridículas, frases coletadas ou releituras de personagens emblemáticas da literatura.
São frases escolhidas no momento, ao vivo, de acordo com a bebida comprada ou a relação entre o artista e o comprador.
Confissões, 2021
Performance



Cartas de Amor são Ridículas, 2020
Cartas de amor em http://meusfluidos.com/cartasdeamorsaoridiculas
Cartas não é somente um trabalho de gravação da dor mas, um estatuto, um balanço geral de questões universais. O íntimo, o detalhe, o que escapou e não entrou no convencional. A exterioridade das relações como algo flutuante, fruto do tempo.
Não é na escrita dos fatos, mas na relação dos fatos, diante do mundo interno e externo. Ana pensa política como grandes bobagens em meio a queixas de um coração partido, mostrando um lugar onde encaramos o temor à vida como filosofia, tragédia e arte.
O projeto Cartas de amor são ridículas é resultado do mergulho na intimidade e melancolia da artista, que explora a erotização da vida e do sofrimento na fronteira entre o real e o absurdo, apresentando uma coleção de variáveis que formam cada unidade num tempo descontínuo, como gotas.

Soares Pereira, ou Super Puta, 2020
Ali dentro, dança e silêncio acompanhavam o balanço da tragédia e, o movimento humano vinha embebido no quieto burburinho da ornamentação.
Pela aplicação de rostos femininos marginalizados em antigos kits de porcelana, Soares Pereira, ou Super Puta traz a atmosfera que envolve e questiona a anormalização e patologização da figura feminina, especialmente na vida doméstica.







Soares Pereira, ou Super Puta, 2020
frames do vídeo

Como manifestação de arte e performance, Meus Fluídos explora subjetividades comercializadas discutindo as novas psicopatologias do capitalismo cognitivo que tomam conta dos nossos corpos, sonhos, desejos e discursos.
Num mundo patriarcal, neoliberal e neocolonial: a venda de fluídos satiriza e escancara a manifestação do choro enquanto produto comercial. Meus Fluídos é o retorno em mercadoria de um pranto antes calado. Junto ao produto, apresenta-se uma bula-manifesto como manual de uso em analogia a substâncias terapêuticas e farmacêuticas.


Meu corpo tem órgãos, 2019/2020
Performance link da edição

Dicks Unlimited, 2019
Maquiagem sob pôster
59cm x 82cm

EXPOSIÇOES E PUBLICAÇÕES
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Old Red Bus Station film festival (UK), 2022 - Meu Corpo tem órgãos e Meus Fluídos Ceremony
Digital Chroma E-magazine and digital exhibition NUMERO (GER), 2021 - Cut by a Catfish
Zaratan Hammer Time (PT), 2021 - Cut by a Catfish
Open Studios Associação Castelo Dif - Hangar (PT), 2021 - Confissões, 2021
Open Day Hangar (PT) , 2021 - Cartas de amor são ridículas (performance)
See you, tomorrow - Atopos Gallery 2021, Venice (IT) 2021
Sala CompactaMAG - Museu de arte contemporânea de Goiânia, 2021
Black Bienal Brasil Arte sem Fronteiras, 2021 - Meu corpo tem órgãos - video performance e, como palestrante Corpo e Estética, 13 de fevereiro de 2021
Cartas de amor são ridículas I - Histórias de Queerentena UFMG - ebook, 2021
3 Coletiva Eixo Arte Contemporânea (RJ) 2020 - Meus Fluídos